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Pontos de Interesse em Gostei

Gostei possui um património natural e paisagístico invejável, com um vasto repertório florístico e faunístico que lhe preenche o território. Estas composições assentam sobre três distintas unidades de paisagem: as ‘montanhas de granito e xisto’, a ‘terra fria transmontana’ e a ‘meia encostam nordestina’ (Colaço-do-Rosário, 2004).


A beleza natural das suas paisagens é fortemente influenciada pelas diversas correntes de água que serpenteiam a região – margens do rio Fervença, da Ribeira de Mousere, Ribeira de Vale do Conde e as margens da Ribeira de Gostei – ponteadas por moinhos antigos e uma ponte de alvenaria, em arco único e de feição medieval. Acompanhando estes cursos de água, a diversidade ripícola é dominada por choupos negros (Populus nigra) e choupos brancos (Populus alba), por amieiros (Alnus glutinosa), freixos (Fraxinus excelsior), ulmeiros (Ulmus minor) e salgueiros (Salix sp.).


O percurso cruza campos agrícolas maioritariamente de culturas temporárias de sequeiro (centeio e o trigo) e regadio (hortícolas e leguminosas), pomares e vinhas. Nas áreas florestais, predominam as espécies folhosas, como castanheiros (Castanea sativa), carvalhos (Quercus ssp.), azinheiras (Quercus rotundifolia), nogueiras (Juglans regia), medronheiros (Arbutus unedo) e abrunheiros-bravos (Prunus spinosa).

A importância das águas fluviais, sobretudo para a economia do território, viu-se reforçada com a construção de uma barragem (mini hídrica em funcionamento desde 1993) – de seu nome Barragem de Castanheira, localizada na Ribeira de Gostei, que serve de regadio local e é um exemplo da produção de energia renovável. Esse regadio, incontornável na competitividade da agricultura que, para além de ancorar projetos para o desenvolvimento económico local, é um motor de combate às alterações climáticas. Atualmente, esta infraestrutura funciona também como polo de atração de veraneantes à freguesia, sendo a sua albufeira aproveitada como zona balnear, nomeadamente piqueniques, atividades náuticas e pesca. O espelho de água, localizado no sopé da serra de Nogueira, tem uma capacidade total de, aproximadamente, 1400 milhões de m^3, e a área total de exploração do regadio é de aproximadamente 300 ha.
Gostei possui um vasto repertório florístico. A flora que desenha a paisagem ao longo do percurso divide-se pelas ocupações agrícolas e florestais. O perímetro agrícola é composto sobretudo por culturas temporárias de sequeiro e regadio, pomares e vinhas. Nas áreas florestais, predominam as espécies folhosas, incluindo ainda um vasto leque de espécies resinosas. A acompanhar os múltiplos cursos de água, existe uma floresta ripícola de onde se destaca a vegetação de Fraxinus Excelsior, com uma área de ocupação assinalável nesta região, proporcionando uma envolvente de beleza sublime. Por entre a frondosa floresta que se estende ao longo do percurso, poderá encontrar um bosque de freixos que sombreiam e pintam a paisagem com os seus tons esverdeados (Aguiar, 2000). As áreas de matos e pastagens, ainda que com menor ocupação, servem a atividade pecuária da freguesia, para pastoreio e produção do gado bovino, ovino, caprino e suíno, importantes para a economia concelhia.
Flora de Gostei
castanheiros (Castanea sativa) carvalhos (Quercus ssp.) azinheiras (Quercus rotundifolia) nogueiras (Juglans regia) medronheiros (Arbutus unedo)
abrunheiros-bravos (Prunus spinosa) teixo (Taxus baccata) sorveira (Sorbus aucuparia) vidoeiros (Betula celtiberica) pinheiro-bravo (Pinus pinaster)
pinheiro de Oregon (Pseudotsuga menziesii) pinheiro-silvestre (Pinus sylvestris) pinheiro larício (Pinus nigra ssp. larício) azevinho (Ilex aquifolium) urze (Calluna vulgaris)
carqueja (Genista tridentata) tojo (ulex ssp) alecrim (Rosmarinus officinalis) rosmaninho (Lavandula stoechas) choupo negro (Populus nigra)
choupo branco (Populus alba) amieiros (Alnus glutinosa) freixos (Fraxinus excelsior) ulmeiro (Ulmus minor) salgueiro (Salix ssp.)
A fauna local é particularmente variada, podendo ocasionalmente ser avistada ao longo do percurso pedestre. É sobretudo quando atravessamos a grande mancha florestal que serpenteia este território, que podemos testemunhar a diversidade faunística do território, que aqui encontra o seu habitat natural. Aqui, os visitantes poderão contactar com espécies em graus de abundância distintas, entre as quais se destacam os mamíferos, os répteis, os anfíbios e as aves.
Fauna de Gostei
lobos ibéricos (Canis lupus signatus) raposas (Vulpes vulpes) javalis (Sus scrofa) ouriços-cacheiros (Erinaceus europaeus)
texugos (Meles meles), lebres (Lepus ssp.) coelhos-bravos (Oryctolagus cuniculus); toupeiras (Talpidae ssp.) doninhas (Mustela ssp.)
leirões (Eliomys ssp.) lontras (Lutrinae ssp.) cegonhas-brancas (Ciconia ciconia) perdizes-comuns (Alectoris rufa)
codornizes (Coturnix coturnix) galinholas (Scolopax rusticola) pombos-bravos (Columba oenas) rolas (Streptopelia)
cucos (Cuculus canorus) andorinhas-dos-beirais (Delichon urbicum) rouxinóis (Luscinia megarhynchos) melros (Turdus merula)
pegas (Pica pica) corvos (Corvus ssp.) peneireiros cinzentos (Elanus caeruleus) gaviões (Harpia ssp.)

Os moinhos de Gostei que pontuam a paisagem deste território têm associada uma forte carga histórica e uma grande importância cultural, que não passa despercebida aos olhos de quem visita a aldeia.

Disso são testemunhos os diversos provérbios populares que guardam também a moagem e os moleiros na memória coletiva. Por exemplo, o ditado “muda-se de moleiro, não se muda de ladrão” alude-se ao facto de os produtores que levavam os cereais para moer, acordando uma maquia (percentagem da farinha) que ficava para o moleiro, se sentirem várias vezes “roubados” na farinha que recebiam de volta, sendo que mesmo mudando de moleiro, a situação se repetia.

Salientamos o Moinho da Lameira e o Moinho da Ribeira juntos ao Ribeira de Gostei, que nos remota aos primórdios do sistema de moagem de cereais através do uso da força da água.

Os primeiros moinhos de água introduzidos em Portugal remontam a meados do século X, julgando-se que as diferentes tipologias tenham sido divulgadas por distintos povos. Os rodízios (moinhos de roda horizontal) associam-se à cultura Romana e as azenhas (moinhos de roda vertical) à Árabe. Trata-se de sistemas complexos, intimamente ligados à atividade agrícola que se desenvolvia em solos férteis, construídos com o objetivo de moer ou triturar cereais – significado atribuído à palavra moinho que deriva etimologicamente do latim molinum. A sua difusão ocorreu em larga escala durante os séculos seguintes contribuindo para a sedentarização dos camponeses e consequente expansão das áreas de cultivo agrícola.

Nesta região e área envolvente (Beiras, Alto Douro e Trás-os-Montes), os moinhos e azenhas proliferam em todas as zonas montanhosas, sulcadas por linhas de água. Ao património edificado de Gostei, juntam-se assim alguns moinhos, cuja utilização acentuava o comunitarismo entre os representantes da região. Estas estruturas foram, outrora, representantes do desenvolvimento económico da região, com atividades ligadas ao moer do trigo e centeio e ao cozer do pão.

Moinhos de rodízio e azenhas são dois nomes que se referem a engenhos hidráulicos com rodas horizontais e verticais, respetivamente, que se sabe terem sido introduzidas pelos romanos e pelos árabes em Portugal.

Os moinhos de roda horizontal, como é o caso deste exemplo, são os mais bem adaptados ao regime torrencial dos ribeiros de montanha, que quase secam no verão. Por isso, a sua atividade anual concentra-se em pouco mais que os meses de inverno. Estes eram os mais comuns nas Terras Frias Transmontanas e mais utilizados na moagem do cereal (centeio, trigo e milho). O engenho motor, o rodízio, é uma roda horizontal com cerca de dois metros de diâmetro, que tem inserida uma numerosa série de copas côncavas centrada num eixo vertical, a pela. A água é conduzida dos ribeiros, normalmente a partir de levadas, e dirigida contra as copas fazendo rodar o rodízio e a pela. Por sua vez, a pela faz sua ligação com a mó a partir do lobete e do veio e lhe transmite o movimento.

A tradição de levar os cereais ao moleiro foi caindo em desuso no final do século XX, dada a modernização do sistema de moagem, agora realizada maioritariamente em moinhos elétricos. Embora o seu abandono tenha resultado na deterioração de algumas estruturas, permanecem visíveis no território as expressões um precioso saber-fazer.

SABIA QUE…
Em 1965, registava-se a existência de cerca de 8 mil moinhos nas regiões das Beiras, Alto Douro e Trás-os-Montes.

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